terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Rússia inventa nova maneira de cultivar vegetais no espaço

 

Rússia inventa nova maneira de cultivar vegetais no espaço

Roscosmos
Trigo, ervilha, cebola e alface espaciais – os sonhos de plantar a própria comida no espaço deram um grande salto. E tudo isso graças a um pequeno passo de um novo sistema inteligente.

Como cultivar algo no espaço quando não há gravidade, campo eletromagnético ou luz solar? Por mais de 50 anos, cientistas de diferentes países têm se esforçado para resolver o problema. Alguns experimentos tiveram certo sucesso. Mas agora, pela primeira vez, encontrou-se uma maneira de cultivar diversos de vegetais no espaço.

Tudo em tubos

“Uma estufa espacial de vitaminas” – é como os pesquisadores se referem ao ‘Vitacikl-T’, um tubo de titânio que permite um sistema de esteira transportadora cultivar vegetais a bordo da Estação Espacial Internacional. O aparato foi desenvolvido após a Rússia perder sua própria estufa ‘Lada’ em 2016; na época, a versão modificada entrou em órbita, mas explodiu com a espaçonave Progress.

A construção consiste em um tambor giratório com seis módulos de raiz. O plantio ocorre no primeiro módulo, seguido por outro por quatro dias e assim por diante. Em 24 dias, obtém-se a colheita no primeiro módulo, que é retirada antes que o módulo seja recarregado com novas sementes. As operações são realizadas em ciclo, uma a cada 44- a 66 dias e, por enquanto, a tecnologia tem produzido resultados maiores e melhores do que os demais jardins espaciais de fabricação estrangeira.

Vitacikl-T

Uma das invenções exclusivas do equipamento é o sistema de tubo poroso de titânio, que penetra no solo artificial da mesma forma que as artérias, para transportar água.

“Simplesmente, não é possível regar as plantas no espaço: o fluxo de água se transforma em gotas, voando em todas as direções. Ao usar uma estrutura de tubo capilar, a água escoa lentamente pelos poros, direto para as raízes das plantas”, explica o diretor do departamento de materiais especiais não nucleares da Rosatom, Maksim Cheverdiaiev.

Cosmonauta Serguêi Volkov e seu

Quando há umidade insuficiente no sistema de reposição do solo, ocorre uma descarga, que é medida por sensores de pressão. Quando o solo está seco demais, o computador envia mais água.

Por enquanto, o plano é cultivar apenas alface – cujo objetivo é adicionar variedade à dieta espacial dos cosmonautas. Mas a ideia de uma estufa espacial deve se tornar indispensável no futuro. Em uma potencial colonização espacial, haverá necessidade de um ecossistema fechado e autônomo com água e oxigênio.

Fazenda espacial?

Ao longo da história, os cosmonautas russos conseguiram cultivar diversas plantas em órbita. As primeiras culturas foram enviadas para o espaço em 1960, com a nave Sputnik, juntamente com as cadelas Belka e Strelka. Como as sementes reagiram à microgravidade? A colheita foi segura para consumo? Isso afetou o DNA das plantas? Todas essas perguntas (e outras) levaram aos tipos de experimentos hoje conduzidos.

Trapezium

Por enquanto, o cultivo acontece em uma instalação bastante compacta – como a do segmento americano da ISS e – até recentemente – a russa. Ainda é cedo para se falar de uma estufa em grande escala.

“Há duas maneiras de o cultivo acontecer em gravidade zero. As plantas se fixam a uma superfície, enrolando-se em torno dela, ou tendem a alguma fonte de luz – tudo depende do tipo”, explica o cosmonauta Serguêi Prokopiev.

“As plantas são cultivadas de forma hidropônica. Receptáculos com substrato artificial fixados horizontalmente recebem sementes, e são criadas condições para que o ar penetre na estufa através da cápsula”, acrescenta.

Oasis

A água e os nutrientes são dispensados automaticamente, embora, até agora, alguns astronautas realizem o procedimento manualmente, usando uma seringa e tubos, direto no substrato. O caminho para fazer dessa maneira era espinhoso, no entanto.

Em 1974, a bordo da estação orbital Salut-4, havia uma instalação hidropônica chamada ‘Oasis’, com a qual o cosmonauta Gueórgui Gretchko tentava cultivar ervilhas. Não havia solo, e as ervilhas tinham que crescer através de uma rede encharcada de água. Logo depois que o trabalho começou, enormes gotas de água começaram a vazar do sistema, e Gretchko teve que persegui-las com guardanapos. Ele acabou cortando a mangueira e regando manualmente.

Oasis-1

No entanto, esse não foi o único problema. Em seu livro, ‘Cosmonauta no.34’, Gretchko confessou que seu desapreço por biologia na escola quase lhe custou todo o experimento. Ele pensou que os brotos estavam ficando presos no tecido e crescendo incorretamente e os libertou da rede. Acontece que ele confundiu raízes com caules.

Estufa espacial de Tsiolkovski

Apesar disso, o experimento foi concluído com sucesso.

As ervilhas começaram seu ciclo – da semente ao caule. Mas, das 36 sementes, apenas três cresceram conforme o esperado. Por quê? Os cientistas acreditam que isso ocorreu devido a características genéticas das plantas, que dependiam da orientação da Terra – o broto sempre tende para a luz, e o caule segue na direção oposta.

Imitando a Terra

Depois que esse fator foi levado em consideração, a instalação foi modificada e novas sementes foram colocadas em órbita, com sucesso total. Mas as plantas não desabrochavam – assim como aconteceu em 1980, com as orquídeas que haviam florescido antes de partir para o espaço. Em vários dias, as pétalas cairiam, apesar de novas folhas continuarem a crescer, como aconteceu com as raízes. Surgiu então a teoria de que o campo magnético da Terra estaria em jogo.

O pai da cosmonáutica, Konstantin Tsiolkovski, descreveu uma solução para o problema. Ele desenvolveu um plano para criar um campo gravitacional artificial, envolvendo o cultivo das plantas em uma centrífuga. A solução prática já existia em 1933, e a centrífuga ajudou: os brotos giraram de acordo com o vetor da força centrífuga. O experimento bem-sucedido resultou no cultivo de Arabidopsis e agrião.

Na sequência, os cosmonautas continuaram a levar sementes para o espaço, cultivando cebolas, trigo, alface, repolho e outras culturas – bem como no espaço aberto. Em 2007 e 2008, foi realizado o experimento ‘Biorisk’, que envolveu sementes de mostarda, arroz, tomate, rabanete, levedura, agrião e nicandra cultivadas por 13 meses em um contêiner a bordo da ISS. Os tomates foram os únicos a perecer – os demais vegetais retornaram para a Terra preservando seu frescor.

O consumo de culturas cultivadas no espaço é permitido por lei desde a década de 1980, quando os cientistas determinaram pela primeira vez sua segurança ao estudar os efeitos de tal processo de cultivo.

LEIA TAMBÉM: Quantos cosmonautas russos já estiveram a bordo da ISS?

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Como Putin celebra o Ano Novo

Partida de hóquei no gelo dias antes da véspera de Ano Novo e missa de Natal a 46°C abaixo de zero – saiba mais sobre estas e outras tradições festivas que o presidente russo mantém e sobre como ele planeja saudar o esperado ano de 2021.

Kremlin.ru

Vladimir Putin, vestido com a camisa número 11 de um uniforme de hóquei, está se aproximando de um pequeno café perto do rinque de patinação na Praça Vermelha. Enquanto observa a variedade de espigas de milho do estabelecimento, ele se dirige com humor ao músico de jazz Igor Butman, que joga no time oposto:

“Então, eu comi uma espiga de milho e [o ministro da Defesa, Serguêi] Choigu, uma rosquinha. Vamos vencê-los.”

“Sim, mas eu comi uma espiga de milho também, e Guennádi Nikolaevitch [Timtchenko, bilionário russo] comeu uma rosquinha”, rebate Butman.

Putin no amistoso de véspera de Ano Novo da Liga de Hóquei Noturna na Praça Vermelha

Após a breve brincadeira durante o intervalo do jogo de hóquei, Putin marcou vários gols e seu time venceu com um placar de 8 a 5. Foi assim que, de acordo com o jornalista do “Kommersant” Andrei Kolesnikov, a tradicional partida de hóquei de Ano Novo na Praça Vermelha transcorreu em dezembro de 2019. Putin os joga todos os anos desde 2017; já se tornou uma tradição de Ano Novo para o presidente. Além do chefe de Estado, esses jogos costumam envolver ministros, empresários e veteranos do hóquei. Na ano passado, Putin teve como colega de aquecimento o campeão olímpico de hóquei no gelo e vencedor da Copa Stanley, Valéri Kamenski.

Putin no amistoso de véspera de Ano Novo da Liga de Hóquei Noturna na Praça Vermelha

“Nós jogamos juntos. E tentamos fazer o presidente jogar melhor. Acho que o hóquei mostrou isso. O presidente jogou muito bem. Devido à sua agenda, é difícil para ele, mas mesmo assim ele joga bem”, disse Kamenski ao Canal Um, ao comentar o desempenho de Putin na partida. O presidente reclamou que não dormira o suficiente na semana anterior, descansando apenas quatro a cinco horas por noite.

No final de novembro de 2020, o secretário de imprensa do presidente, Dmítri Peskov, não descartou que Putin também possa participar de uma partida de hóquei no gelo de Ano Novo em dezembro deste ano, apesar da pandemia do coronavírus.

Putin no amistoso de véspera de Ano Novo da Liga de Hóquei Noturna na Praça Vermelha

“Normalmente, o planejamento [do jogo] é feito rapidamente antes do Ano Novo. Até agora, nenhum plano foi feito. Mas isso não pode ser descartado. Por ser ao ar livre e com certos cuidados, é perfeitamente possível fazê-lo com segurança”, disse Peskov.

Noites de Natal

Junto com outros cristãos ortodoxos orientais, a Rússia celebra o Natal em 7 de janeiro. Uma tradição que o presidente Putin costuma seguir durante as festas é assistir a missas de Natal em diferentes igrejas do país. Em mais de uma ocasião, ele compareceu à cerimônia religiosa de Natal na Catedral da Transfiguração, em São Petersburgo, onde foi batizado quando tinha seis semanas. Nos cultos, o presidente costuma acender uma vela e saudar os fiéis pelo feriado religioso.

Putin em missa natalina na Catedral da Transfiguração, em São Petersburgo

“Desejo a todos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo. Saúde, felicidade e boas festas ”, disse Putin na missa de Natal, em 7 de janeiro deste ano.

Putin também já esteve em cerimônias em igrejas de Sochi, regiões de Tver e Kostromá, na Carélia, Suzdal e Velíki Ustiug. Em 2006, optou por fazê-lo em um templo ortodoxo na Iakútia, onde a temperatura na época era de -46°C.

Presidente russo Vladimir Putin fazendo o sinal da cruz ao participar de missa de Natal na cidade russa de Iakutsk, na Sibéria oriental, em 7 de janeiro de 2006

De acordo com o jornalista Andrei Kolesnikov, durante a celebração na Sibéria, Putin acendeu uma vela e ficou cerca de 40 minutos cercado por crianças:

“O que ele está fazendo?”, perguntou-me uma senhora local, esticando o pescoço na tentativa de ver o presidente. “Rezando?”

“Ele está segurando uma vela”, respondi.

“Quem diria!”, sussurrou, com admiração.

Minutos depois, a senhora começou a esticar o pescoço novamente:

“Ele ainda está parado lá?”

“Ele está”, respondi.

“Ele deve estar bem quentinho”, perguntou ansiosamente.

“Quanto a isso, não posso dizer com certeza”, relembrou o jornalista, acrescentando que o presidente russo teve que retornar da Iakútia em uma aeronave reserva, já que a principal não pôde partir por causa da forte geada.

Entre o dever e a família

Também não foram poucas as vezes que Putin celebrou o Ano Novo em outras regiões. Em dezembro de 2013, o presidente viajou para Khabarovsk, que pouco antes havia sido atingida por fortes enchentes. O desastre natural daquele ano atingiu 135 mil pessoas e demandou a evacuação de 32 mil moradores locais. Putin chegou a Khabarovsk bem no dia 31 para desejar um feliz Ano Novo e inspecionar as novas moradias que os desabrigados haviam recebido.

Putin chegando a Khabarovsk, onde celebrou a chegada do Ano novo com vítimas das enchentes no Extremo Oriente, em 2013

Quando a programação do presidente não inclui viagens de negócios, Putin prefere passar o Ano Novo em casa com sua família e amigos próximos, segundo informou o porta-voz do Kremlin, Dmítri Peskov, em 2019.

Putin durante visita a complexo turístico na estação de esqui de Krasnaia Poliana

Durante as férias de Ano Novo, Putin gosta de se dedicar a várias atividades esportivas – esquiar, jogar hóquei no gelo e nadar. Por exemplo, em 2018, o presidente passou as férias de Ano Novo em casa e depois foi à Sibéria.

“É apenas uma tradição. Para ser sincero, não estou tentado a viajar para qualquer lugar (para o exterior). Passei as férias de Ano Novo em casa e depois fui para a Sibéria por alguns dias. Realmente estava muito frio lá, menos 33 graus. Mas eu gosto”, disse Putin, comentando sobre as férias daquele ano.

Putin dirigindo motoneve na estação de esqui russa Krasnaia Poliana, perto de Sochi

Na virada de 2021, Putin provavelmente permanecerá em casa, declarou Peskov, no último dia 13 de dezembro de 2020.

“Bem, ele nunca tem feriado de fato, mas talvez ele consiga respirar um pouco”, disse Peskov, no documentário “Vírus Perigoso”, que foi ao ar no canal Rossiya 1.

LEIA TAMBÉM: Qual o segredo da dieta de Putin?

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